“Um dos efeitos globais da guerra na Ucrânia foi o aumento geral dos preços de alimentos e combustíveis, o que gerou taxas de inflação muito altas na maioria das economias e também nos EUA. Neste país, a queda do dólar e o crescimento de sua dívida são duas faces da mesma moeda. O dólar estadunidense perdeu 96% de seu valor desde que o Federal Reserve foi criado em 1913, enquanto os empréstimos públicos dispararam para mais de 120% de seu PIB. É por isso que o mundo está se ‘desdolarizando’. Muitos países estão reduzindo a incidência do dólar em suas reservas, optando por reservas de metais: ouro, em menor escala, prata e outros ativos denominados em diferentes moedas.
A estas causas econômicas, preexistentes à guerra, juntam-se as sanções contra a Rússia que a excluem do SWIFT como sistema internacional de pagamentos, impedindo a fluidez das suas transações com os países europeus, obrigando-a a reorientar o seu comércio para a Ásia, África e América Latina. A mesma tendência é observada na China que, como vimos, redireciona seu comércio para os países-membros do Conselho de Cooperação do Golfo, Oriente Médio, países da ASEAN, África e América Latina, espaços nos quais o yuan tenta se deslocar furtivamente para o dólar.
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Mas se você economiza ou tem ativos em dólares estadunidenses, eu me sentiria culpado por adicionar mais uma preocupação àquelas que você provavelmente já tem. Deixe-me dizer uma coisa: nunca pense no futuro pela perspectiva do medo. Em primeiro lugar, não se deve levar a sério o que afirma o Global Times ao dizer que: ‘A grande história nos diz que o declínio da hegemonia começa com sua moeda e a desdolarização é inevitável’. Nem mesmo quando acrescenta: ‘Se dois eixos da hegemonia dos EUA se deteriorarem – a primeira, a ausência do monopólio das armas nucleares e sua superioridade militar, e a segunda, a queda acelerada da posição do dólar como reserva de valor e troca – acabou a hegemonia’. Este, em todo caso, é um processo muito lento e arriscado, pelo qual o Reino Unido passou com sua condição hegemônica e sua moeda, a libra esterlina, de 1919 na Conferência de Versalhes a 1944 com os Acordos de Bretton Woods. É verdade que, como disse Buda, as coisas deste mundo são ‘impermanentes’ e o que não acontece em um século, pode acontecer em três décadas”.
Fonte: https://www.ihu.unisinos.br/628800-dolar-e-petroleo-o-fim-de-uma-hegemonia. Acesso em: 16 jun. 2023.
Considerando esse excerto e os materiais de estudo, elabore um texto argumentativo de, no mínimo, cinco e, no máximo, dez linhas, justificando a relação dos acordos de Bretton Woods e o Tratado de Versalhes, no que concerne à hegemonia da moeda.