Josué de Castro mostrou que a fome não é inevitável, resultado do crescimento da população, da guerra ou de catástrofes climáticas. Ele inovou ao aprofundar a análise das causas sociais e econômicas da fome, até então retratada como algo episódico em jornais e romances do começo do século XX. Com base em sua experiência pessoal – viu a fome de perto quando era criança nos manguezais da cidade do Recife, onde nasceu –, em estudos que começavam a propor abordagens mais amplas do problema e em suas próprias pesquisas de campo, Castro examinou a fome à luz da medicina, da fisiologia, da nutrição e da geografia. Sua conclusão é que se tratava de um fenômeno biológico enraizado em estruturas sociais, políticas e econômicas. O médico identificou dois tipos de fome: a epidêmica, associada às guerras ou a secas, que provocam a escassez de alimentos; e a endêmica, até então desconsiderada, quando uma alimentação é precária e, por não fornecer os nutrientes indispensáveis para o funcionamento adequado do organismo, favorece o surgimento de doenças.

Postado em: 
maio 16, 2024
Categorias: 
Gestão Pública
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