O acidente ocorreu em fevereiro de 2020, um domingo, e, na ocasião, não havia pessoas perto da câmara fria. O homem achou que morreria congelado. “O celular não funciona dentro da câmara frigorífica. Então o trabalhador gritou, bateu na porta, chutou, mas ninguém o escutou, visto que era dia de domingo, e não havia mais ninguém próximo da câmara fria. A ausência de alarme ou de outro meio de comunicação dentro da câmara impediu que o trabalhador fosse resgatado. Depois de muito desespero e várias tentativas, o trabalhador, valendo-se de extremo esforço, exauriu todas as suas forças para abrir uma fresta e se arrastar pelo pequeno vão que conseguiu abrir”, conta o MPT na ação. O funcionário, que procurou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com dores nas costas provocadas pela força que despendeu para abrir a porta, era empregado de uma empresa prestadora de serviço e trabalhava nas dependências da unidade do Atacadão localizada no bairro Tijucal, em Cuiabá. A empresa não realizou o registro e a análise do acidente nem discutiu o assunto na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Mesmo notificada pelo MPT, não demonstrou interesse em regularizar a conduta. Pelo contrário, em uma manifestação enviada em novembro de 2021, negou a ocorrência do acidente — mesmo havendo notícia jornalística e registro de Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. “Não é porque a ré utiliza trabalhadores terceirizados que não está obrigada a garantir a saúde e a integridade física desses trabalhadores, os quais não são empregados da ré, mas estão sob seu meio ambiente do trabalho, que é uno. A lei e as Normas Regulamentadoras atribuem à contratante a obrigação de manter o local de trabalho seguro (...) A ré não pode ignorar o acidente sofrido por ele e não fazer uma análise das causas do acidente ocorrido dentro de sua câmara frigorífica, cujas condições podem levar qualquer pessoa a sofrer um acidente semelhante algum dia”, salienta o MPT.

Gerenciamento de Riscos Ocupacionais Conforme o tipo de atividade desenvolvida no trabalho, podem existir diferentes tipos e níveis de riscos ocupacionais. Por exemplo, os riscos em um escritório administrativo são em sua maioria relacionados a fatores ergonômicos, enquanto que em uma marcenaria há a presença maior de riscos físicos e químicos. Nestes ambientes, o nível de risco pode variar conforme a sua probabilidade e severidade. Surge então as seguintes questões: quais riscos merecem nossa atenção e cuidado? Quais riscos devem ser tratados imediatamente e quais podem ser tratados posteriormente? Quais riscos são toleráveis e quais são intoleráveis? O gerenciamento de riscos busca responder estas e outras questões relacionadas aos riscos ocupacionais presentes nos ambientes de trabalho. Identificar perigos, avaliar riscos, implantar medidas de prevenção e realizar o seu acompanhamento são processos básicos do gerenciamento de riscos. A magnitude do risco nos ambientes de trabalho dependerá da sua probabilidade de ocorrência e severidade. Ou seja, reduzindo a probabilidade ou a severidade associada a um fator de risco, este apresentará um nível de risco menor. Você já se deparou com alguma situação de risco em seu ambiente de trabalho? Ao olhar para esta situação, o que você avaliou para determinar se aquela era uma situação de risco baixo, médio ou alto? Leia a seguinte reportagem que destaca a falta de uma medida de prevenção em uma rede de supermercados. Ao ler o texto tente responder à seguinte pergunta: o risco de ficar preso dentro da câmara frio não parecia óbvio? Por que nenhuma medida de prevenção foi tomada antes do acidente com o trabalhador?

linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram